25 abr 2011

Edson Cruz (Brasil)

SINAL VERDE


tantos anos se arrastaram
já não me lembro de minha infância
será que a tive, ou foi um sonho?

tudo se resume a uma noite
noite de escolha e enfrentamento
ali, me fiz na solidão azul
do nascimento

“se não quer ir ao culto
que fique aí, sozinho!”

fiquei ali, e ainda estou...
em casa escura e sobressaltada
por sombras e faróis relampejando
abandonado de deuses e de afetos

não dormi, como não durmo agora
não fugi, como nem posso embora
ali, a vontade de meu eu se impôs
minha porção de dor se amarelou

permaneci na infinitude do possível
e assim abraço o totem
de vida que sutil me resta

na contingente luz verde que se revela
aceito humilde e resignado
o gentil açoite da morte que me espera.



SEÑAL VERDE


tantos años se arrastran
ya no me acuerdo de mi infancia
¿la tuve o fue un sueño?

todo se resume en una noche
noche de elección y enfrentamiento
allí, me hice en la soledad azul
del nacimiento

“¡si no quiere ir al culto
que siga allí, solo!”

seguí allí, y todavía estoy…
en casa oscura y sobresaltada
por sombras y faroles relampagueando
abandonado por dioses y afectos

no dormí, como no duermo ahora
no escapé, como no puedo aunque
allí, la voluntad de mi yo se impuso
mi porción de dolor amarilleó

permanecí en la infinitud de lo posible
y así abrazo el tótem
de vida que sutil me resta

en la contingente luz que se revela
acepto humilde y resignado
el gentil azote de la muerte que me espera.


[do livro Sortilégio, edições Demônio Negro, São Paulo, Brasil, 2007, edição bilíngue]
Traduções de Adriana de Almeida (tradutora brasileira) e Luis Benitez (poeta argentino)

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